quarta-feira, 22 de abril de 2015

Irregularidades no ciclo menstrual e câncer



A maior parte das mulheres já enfrentou momentos de irregularidade ou alterações no ciclo menstrual. Comum em algumas fases da vida, como a puberdade, esse tipo de ocorrência normalmente está associado a fatores hormonais ou outras condições benignas, mas também pode ser um sinal de problemas como hipotireoidismo, endometriose ou miomas. Embora raramente seja considerado sinal de um tumor, pode haver suspeita de câncer em algumas situações.

"Sangramentos após as relações sexuais ou sangramentos que não melhoram com tratamento medicamentoso precisam ser investigados", afirma Dr. Levon Badiglian Filho, médico titular do Núcleo de Ginecologia Oncológica do A.C.Camargo Cancer Center. "A preocupação aumenta quando quem apresenta os sangramentos são mulheres com mais de 50 anos, que já tenham chegado à menopausa e estejam há mais de um ano sem menstruar. Nesse caso,  há uma chance maior de ser câncer", explica o médico.

Em caso de suspeita de tumores, é preciso realizar exames que variam conforme os sintomas e as características de cada paciente. "Sangramentos após a relação sexual em geral podem ter relação com câncer de colo de útero, por isso pode-se realizar exames de papanicolau e colposcopia", diz o médico.

Os sangramentos pós-menopausa podem ter associação com o câncer de endométrio e, por isso, podem ser indicadas à biópsia do endométrio e a histeroscopia, exame que faz uma observação do útero com o auxílio de uma câmera. No caso de sangramentos persistentes, pode-se solicitar, além do papanicolau, ultrassom transvaginal e outros exames complementares. "Tudo isso exige a realização de uma boa entrevista com a paciente para compreender o padrão de sangramento e indicar a conduta mais adequada", ressalta Dr. Levon.

Ciclo irregular X câncer de ovário

Em abril de 2014, um estudo apresentado na reunião Anual da Associação Americana para Pesquisa do Câncer sugeriu que mulheres com ciclos menstruais irregulares podem correr um risco duas vezes maior de desenvolver câncer de ovário. Seria este então um fator de risco para a doença?

Não exatamente. "Quanto mais tempo a mulher ovula, maiores são os riscos do desenvolvimento do câncer de ovário", explica Dr. Levon. Assim, gravidez, amamentação e uso de anticoncepcionais têm um papel protetor contra a doença, pois permitem à mulher ovular menos. "A irregularidade pode estar associada a um risco aumentado, pois hoje as mulheres ovulam mais, mas esse não é por si só um fator de risco para tumores ovarianos", esclarece o especialista.

No entanto, assim como a ovulação em excesso pode elevar o risco de câncer de ovário, a anovulação crônica, ou ausência persistente de ovulação, também pode significar perigo, especialmente, para as pacientes acima do peso. "A obesidade impede que a mulher ovule devidamente, pois leva a um estímulo excessivo do estrógeno ao longo da vida e isso pode aumentar a chance de desenvolver câncer de endométrio", diz Dr. Levon.

Para evitar a descoberta de um tumor em estágio avançado, Dr. Levon recomenda que as mulheres consultem regularmente um ginecologista e realizem exames preventivos como o papanicolau na periodicidade recomendada por esse profissional. "Além disso, pode parecer muito simplista, mas manter uma dieta saudável, não consumir álcool em excesso, praticar exercícios e não fumar estão entre as medidas que mais contribuem para evitar um câncer", completa.

Fonte: AC Camargo

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Guidelines para tromboprofilaxia em pacientes oncológicos




A Trombose Venosa Profunda (TVP) consiste na formação de um trombo no interior das veias, principalmente veias profundas dos membros inferiores, sendo as principais complicações o embolismo e a síndrome pós-flebite. De acordo com ASCO, que realizou o ultimo Guideline sobre profilaxia e tratamento da TVP em pacientes oncológicos, somando os fatores de risco já existentes com os fatores intrínsecos dos pacientes oncológicos esses pacientes são, quase sempre, classificados de alto risco.
  • Fatores de risco já existentes: idade maior que 40 anos, imobilidade ao leito maior que 5 dias, paralisia de membros inferiores, obesidade.
  • Fatores intrínsecos dos pacientes oncológicos: estágio de alta proliferação, quimioterapia, hormonioterapia, radiação, transfusão, biomarcadores específicos.

Isso levou a Liga de Oncologia Clínica e Cirúrgica (LOCC) a pesquisa sobre o que há de mais evidente em tromboprofilaxia em pacientes oncológicos. O guideline de 2015 da ASCO, publicado em Janeiro na JCO (Journal of Clinical Oncology), traz as últimas 53 revisões desde 2013 sobre esse tema; contudo, não houve mudança nas recomendações anteriores. Dessa forma, abordaremos aqui um pequeno lembrete sobre o que a ASCO 2013 preconiza:


1. Pacientes hospitalizados com câncer deveriam receber anticoagulação profilática para tromboembolismo venoso (TEV)?

2. Pacientes ambulatoriais com câncer deveriam receber anticoagulação profilática para TEV durante a quimioterapia sistêmica?

3. Pacientes com câncer submetidos a cirurgia deveriam receber profilafia para TEV perioperatória?

4. Qual o melhor método para tratamento dos pacientes com câncer e TEV estabelecida, visando prevenir recorrência?

5. Pacientes com câncer deveriam receber anticoagulantes na ausência de TEV estabelecido para melhorar a sobrevida?

6. O que se sabe sobre a predição de risco e conscientização do TEV em pacientes com câncer?


Resposta da pergunta clínica número 01 (recomendações):
● Os pacientes hospitalizados que têm doença maligna ativa, com doença aguda ou com motilidade reduzida devem receber tromboprofilaxia farmacológica na ausência de sangramento ou outras contra-indicações.

● Os pacientes hospitalizados que têm doença maligna ativa sem fatores de risco adicionais podem ser considerados para tromboprofilaxia farmacológica na ausência de sangramento ou outras contra-indicações.

● Os dados são inadequados para apoiar ou opor a tromboprofilaxia em pacientes internados para procedimentos menores ou curtos de quimioterapia infusional ou em pacientes submetidos a transplante de células-tronco/medula óssea.


Resposta da pergunta clínica número 02 (recomendações):
● Rotina de tromboprofilaxia farmacológico não é recomendada em pacientes com câncer em tratamento ambulatorial.

● Com base em dados de ensaios clínicos randomizados, os médicos puderam considerar a profilaxia com HBPM, numa base caso-a-caso em pacientes ambulatoriais altamente selecionados com tumores sólidos submetidos a quimioterapia.

● Os pacientes com mieloma múltiplo recebendo regimes de Talidomida ou Lenalidomide com quimioterapia e/ou Dexametasona devem receber tromboprofilaxia farmacológica.


Resposta da pergunta clínica número 03 (recomendações):
● Todos os pacientes com doença malígna que sofrerão intervenções cirúrgicas maiores, devem ser considerados para tromboprofilaxia farmacológica tanto com Heparina não fracionada ou com Heparina de baixo peso molecular salvo os contraindicados por sangramento ativo ou alto risco de sangramento.

● A profilaxia deverá ser iniciada no pré-operatório.

● Os métodos mecânicos podem ser adicionados para tromboprofilaxia farmacológicas , mas não deve ser utilizado como monoterapia para a prevenção do tromboembolismo venoso , a menos que os métodos farmacológicos sejam contraindicados por causa de hemorragia ativa ou risco de sangramento.

● Profilaxia farmacológica e mecânica combinadas, podem melhorar a eficácia, sobretudo em pacientes de alto risco.

● Tromboprofilaxia farmacológica para pacientes que sofrerão cirurgias oncológicas maiores deve ser continuada por pelo menos 7 a 10 dias. Profilaxia extensa com HBPM além de 4 semanas, devem ser considerados para pacientes que sofrerão cirurgias oncológicas abdominais ou pélvicas e que apresentem riscos adicionais como restrição da mobilidade, obesidade, história TEV. Em ambientes cirúrgicos de menor risco , a decisão sobre a duração adequada da tromboprofilaxia deve ser feita baseada em cada caso.


Resposta da pergunta clínica número 04 (recomendações):
● O uso de HBPM é preferencial sobre a HNF para os 5 a 10 primeiros dias de anticoagulação para o paciente com câncer que foi recentemente diagnósticado com TEV que não tem distúrbio renal severo (clearance < 30ml/min).

● Anticoagulação a longo-termo: uso preferencial de HBPM por pelo menos 6 meses ao invés de AVK (alternativa caso HBPM não esteja disponível).

● Anticoagulação com HBPM ou AVK além dos 6 meses iniciais podem ser consideradas em pacientes selecionados com câncer ativo, como aqueles com doença metastática ou recebendo quimioterapia.

● Inserção de filtro de veia cava apenas está indicado para pacientes com contraindicações para a terapia de anticoagulação. Mas pode ser considerada como terapia adjunta à anticoagulação em pacientes com TEV recorrente ou trombose progressiva apesar do tratamento com HBPM.

● Para pacientes com neoplasias malignas primárias no SNC, a anticoagulação está recomendada para TEV estabelecida, da mesma forma que é prescrita para outros pacientes com câncer. Uma monitorização cuidadosa é necessária para limitar o risco de complicações hemorrágicas.

● Uso de novos anticoagulantes orais como Dabigatrana e Rivaroxabana para tanto prevenir como tratar pacientes com câncer não é recomendado neste momento.

● Baseado em um consenso, embolia pulmonar acidental e trombose de veia profunda devem ser tratados da mesma maneira que uma TEV sintomática. Tratamento de trombo em veia esplênica ou visceral deve-se considerar os riscos e benefícios da anticoagulação.


Resposta da pergunta clínica número 05 (recomendações):
● Anticoagulantes não são recomendadas para melhorar a sobrevida em pacientes com cancer sem VTE.

● Pacientes com cancer devem ser estimulados a participar em ensaios clínicos desenhados para avaliar a terapia anticoagulante como um adjunto padrão para terapias oncológicas.


Resposta da pergunta clínica número 06 (recomendações):
● Baseado em um consenso, é recomendado que pacientes com câncer sejam avaliados para risco de TEV no momento de início da quimioterapia e periodicamente após o tratamento.

● Baseado em um consenso, é recomendado aos oncologistas que instruam seus pacientes quanto ao TEV, particularmente em eventos que aumentem o risco, como grandes cirurgias, hospitalização, e enquanto recebem terapia antineoplásica sistêmica.


As revisões literárias detalhadas com os níveis de evidência bem descritos se encontram no presente Guideline de 2013 da ASCO que segue no link abaixo. A LOCC recomenda a leitura!


http://jco.ascopubs.org/content/31/17/2189.fu
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terça-feira, 7 de abril de 2015

Dia mundial da saúde



Hoje é dia mundial da saúde, mas todo dia é dia de se cuidar, certo?
Cuide-se! Uma vida feliz é uma vida saudável!
Instagram: @locc_itpac

sábado, 4 de abril de 2015

Pesquisadores desenvolvem novo tratamento para o câncer de pâncreas


O câncer pancreático é conhecido pela letalidade alta e por ser capaz de contra-atacar as iniciativas terapêuticas mais usuais tendo assim difícil tratamento. As células desse tumor são protegidas por uma fortaleza de tecidos, tornando mais difícil a ação dos medicamentos. Na busca por alternativas capazes de prolongar a vida dos pacientes, um time de pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill, nos Estados Unidos, desenvolveu um dispositivo que injeta drogas no tumor pouco vascularizado.
Os equipamentos usam campos elétricos para dirigir drogas quimioterápicas diretamente ao tecido doente, impedindo o crescimento dele e, em alguns casos, encolhendo-o. A estratégia representa uma abordagem nova de tratamento para o cancro de pâncreas, que tem uma taxa de mortalidade de 75% dentro de um ano de diagnóstico — estatística que se mantém há mais de 40 anos. “A cirurgia para remover um tumor fornece atualmente a melhor chance de cura do câncer de pâncreas”, afirma William Kenan, professor de engenharia química da Universidade Estadual de North Carolina.
Segundo Heber Salvador, cirurgião oncologista, o tumor é muito pouco sintomático na fase inicial; cerca de 80% dos pacientes são diagnosticados em etapas avançadas, quando o adenocarcinoma (tipo de tumor pancreático) já se desenvolveu muito no órgão. Nesse cenário, a doença atinge vasos sanguíneos importantes que estão em volta do órgão ou mesmo mandou células cancerígenas para o fígado, local para o qual o tumor tende a se disseminar.
“O primeiro ponto para a dificuldade de tratamento é esse diagnóstico tardio. Não há um método de rastreamento, não há um exame que você faz rotineiramente. A maior parte dos pacientes encontra por acaso (a doença), fazendo outro tipo de exame ou por causa dos sintomas que surgem numa fase mais avançada”, detalha Salvador.

Icterícia
Um dos principais sintomas é a icterícia. Isso porque, quando o tumor está na ponta do pâncreas, tampa o canal por onde passa a bile, e a pessoa fica um pouco amarelada por causa do acúmulo da substância no organismo. “Por esse motivo, vai ao médico e encontra o tumor. É um dos primeiros sintomas percebidos”.
Outros indícios são dor e aumento abdominal (devido ao acúmulo de líquido), que representam um estágio ainda mais avançado da doença. “A forma como se origina o câncer de pâncreas também contribui para a dificuldade de tratamento. Ele é o tipo que mais tem mutações genéticas na fase inicial. Para ser formado, uma série de alterações ocorrem,tornando-o mais resistente aos tratamentos que temos disponíveis”, explica Salvador.

Fonte: www.diariodepernambuco.com.br


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