Boa tarde, a postagem de hoje foi tema da reunião passada: neoplasia renal. Boa leitura!
O câncer de rim é o
terceiro mais frequente do aparelho genitourinário e representa aproximadamente
3% das doenças malignas do adulto. Estatísticas americanas estimam uma
incidência anual em torno de 51 mil novos casos, sendo responsável por
aproximadamente 13 mil mortes/ano em 2007. O câncer de rim é também conhecido
como hipernefroma ou adenocarcinoma renal. O mais frequente é o câncer renal de
células claras, sendo responsável por 85% dos tumores diagnosticados.
O câncer de rim
geralmente acomete indivíduos entre os 50 e 70 anos de idade, sendo duas vezes
mais frequente nos homens que nas mulheres.
Aproximadamente 54%
dos tumores renais diagnosticados hoje estão confinados ao rim, 20% são
localmente avançados (acometendo gânglios regionais próximos ao rim) e 25% já
apresentam metástases da doença, principalmente para os pulmões, fígado e
ossos.
São conhecidos
alguns fatores de risco para o câncer renal, dentre eles:
- Tabagismo.
- Obesidade.
- Hipertensão.
- História familiar da doença
- Doença de Von Hippel-Lindau e diálise.
Diagnóstico
De 6% a 10% dos
pacientes apresentam dor no flanco, sangue na urina e massa abdominal palpável.
No entanto, a forma mais frequente de diagnóstico são os achados incidentais em
exames de rotina como a ultrassonografia do abdômen.
O diagnóstico
definitivo da doença é feito por meio da ultra-sonografia e da tomografia
computadorizada do abdômen.
A tomografia, além
de fazer o diagnóstico da doença, é bastante útil no seu estadiamento
(verificação da extensão para outros órgãos) e no planejamento da terapêutica
mais adequada.
A radiografia de
tórax serve para avaliar o acometimento dos pulmões, sendo que em alguns casos
ela pode ser utilizada para uma avaliação mais minuciosa.
A ressonância
nuclear magnética é raramente utilizada na avaliação destes tumores, e só é
realizada em situações muito específicas.
A biópsia renal
pré-operatória normalmente não é realizada, e só é necessária em situações
excepcionais, a fim de se diferenciar lesões malignas de benignas, as quais não
necessitariam de tratamento.
Os fatores
prognósticos mais importantes em câncer de rim, que auxiliam no planejamento
terapêutico e no seguimento da doença, são:
- Estágio clínico.
- Obesidade.
- Graduação histológica (grau de Fuhrman).
- Tipo histológico.
- Estado clínico do paciente ("performance status").
Para que se possa
fazer um adequado planejamento terapêutico, o performance status é fundamental
para o tipo de procedimento bem como poderá determinar a resposta ao
tratamento. Os demais fatores prognósticos referem-se todos ao volume de tumor
existente no momento do diagnóstico e à agressividade que certos tumores
exibem.
Tratamento
A cirurgia é o
único tratamento curativo definitivo para o câncer de rim. A nefrectomia
radical, ou seja, a retirada em bloco do rim com seus revestimentos (fascia de
gerota), glândula adrenal (somente em grandes tumores ou no pólo superior do
rim) e linfonodos regionais é o tratamento tradicional para os tumores do rim.
No entanto, com a
evolução dos meios diagnósticos e os achados cada vez mais precoces de pequenas
massas renais, a nefrectomia radical, em boa parte dos casos, não é mais
indicada, devendo-se optar pela nefrectomia parcial. Este tipo de tratamento
consiste na retirada do tumor com pequena margem de segurança, preservando-se
desta forma o restante do parênquima renal.
Os resultados
oncológicos da cirurgia parcial são semelhantes ao da nefrectomia radical para
casos selecionados de tumores menores que 4 centímetros, menos agressivos,
podendo inclusive ser aplicada para tumores maiores desde que em situação
anatômica favorável.
A nefrectomia
radical laparoscópica é um método novo que pode ser aplicado no tratamento do
câncer renal oferecendo os mesmos índices de cura da cirurgia aberta. Entre as
vantagens está o fato de ser um método menos invasivo, com menor morbidade e
menor tempo de internação, além da vantagem estética (pequenos furos ao invés
da grande cicatriz da cirurgia aberta).
É possível utilizar
a cirurgia laparoscópica para a realização da nefrectomia parcial, porém em
casos bastante selecionados, e com índices de complicação ainda superiores aos
da cirurgia aberta.
Vale ainda
mencionar os métodos de tratamento para o câncer de rim que levam à destruição
tumoral por meio do congelamento (crioterapia) ou do calor (radiofrequência) e
os métodos minimamente invasivos a partir da utilização de agulhas, indicados
em situações especiais.
Nos pacientes que
apresentam doença avançada, com metástases à distância, existem formas de
tratamento sistêmico com imunoterapia (interferon ou interleucina) ou com o uso
de drogas inibidoras da angiogênese. Esses medicamentos, associados ou não ao
tratamento cirúrgico, podem levar ao controle e à regressão da doença.
O tumor de rim responde de
forma muito ruim aos tratamentos quimioterápicos e à radioterapia. As únicas
modalidades que apresentam imunoterapia com
interferon ou interleucina com respostas modestas e alta toxicidade. Mais
recentemente surgiram as drogas inibidoras da angiogênese, que têm demonstrado
índices de resposta muito promissores, sendo a principal opção terapêutica nos
pacientes com doença metastática.